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Quais os Mecanismos da Hipertrofia Muscular?



Prof. Dr. Wellington Lunz

O que exatamente vem à sua mente consciente se eu te perguntar ‘Quais são os mecanismos da hipertrofia muscular esquelética?

Com quase todos que converso das áreas relacionadas ao treinamento físico, a resposta que costumam me dar a esta pergunta é: Estresse tensional, estresse metabólico, e microlesões. Já antecipo que essa resposta é bem problemática, e você entenderá ao longo do post.

E devo enfatizar que me refiro aqui apenas a hipertrofia muscular induzida por treinamento físico (mais especificamente o treinamento contrarresistência).

Se considerarmos um organismo em repouso, o crescimento muscular pode acontecer sem a necessidade de estímulos mecânicos externos. Em situação de repouso, o crescimento muscular dependerá dos fatores sistêmico (ex: hormônios), ambiental (ex: aporte nutricional) e celular (vias moleculares anabólicas).

Portanto, a hipertrofia muscular não é uma resposta exclusiva do estímulo por exercício físico. Um relevante exemplo é a hipertrofia muscular natural que ocorre do feto ao final da adolescência. Outro exemplo é a hipertrofia induzida por fármacos anabólicos, que acontece mesmo na ausência de exercício físico (Bhasin et al., 1996). 

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Mas sabemos que para além dessa hipertrofia “orgânica ou natural”, existe uma adaptação hipertrófica associada a eventos locais. Por exemplo, se você treinar apenas realizando o exercício 'rosca direta' (flexão do cotovelo) com o braço esquerdo, o ganho de hipertrofia muscular ocorrerá apenas nos músculos do braço esquerdo.

Certamente o braço esquerdo ficará desproporcional em relação ao braço direito. Trata-se, portanto, de uma adaptação hipertrófica local.

Parece algo simples, mas é um fenômeno espetacular imaginar que ‘coletivos de células’ possam resolver desafios locais independentemente do que esteja acontecendo em outras partes do organismo.

E isso tudo me dá fundamento para enfatizar que a hipertrofia muscular depende muito de fatores intrínsecos ao músculo, o que, inclusive, não é uma hipertrofia homogênea, pois essa regulação é diferente entre os tipos de fibras. Exemplo: a inibição da miostatina permite maior hipertrofia muscular em fibras rápidas (Roberts et al., 2023). 

Já escrevi um post chamado "Não consigo ganhar massa muscular"... Vou te explicar o motivo’ que dá uma ótima dimensão da importância dos mecanismos intrínsecos para a hipertrofia muscular.

Mas toda essa explicação também é para eu afirmar que o estresse induzido pelo exercício de força ou contrarresistência impõe desafios locais, induzindo adaptações locais.

​Agora quero voltar à história dos 3 mecanismos frequentemente citados (estresse tensional, estresse metabólico, e microlesões) como explicadores da hipertrofia induzida pelo exercício físico.

Já fiz post mostrando que o estresse metabólico NÃO é aparentemente um mecanismo direto para hipertrofia muscular (clique aqui). Fiz outro post mostrando que microlesões também não parecem ser um mecanismo direto da hipertrofia muscular induzida pelo exercício (clique aqui). O único que é um mecanismo praticamente consensual é o estresse tensional. Também já fiz um post (clique aqui) apresentando evidências que dão sustentação a essa interpretação. Vale muito a pena ler esses três posts citados acima!

Mas quando nos perguntam ‘quais são os mecanismos da hipertrofia muscular esquelética?’ muito mais coisas deveriam surgir nas nossas cabeças. Então, para ser mais didático, resolvi subdividir os mecanismos em 3 níveis:

1º) Estímulo: refere-se exatamente ao tipo de estímulo associado ao treinamento físico que inicia o processo hipertrófico: Estresse tensional, estresse metabólico e microlesões. Mas, como já disse, por ora só temos fortes evidências em favor do estresse tensional.  

2º) Sensores: para que o estímulo primário seja transmitido é preciso inicialmente ser “sentido” pela célula. Um bom exemplo são os mecanossensores (sensores de tensão mecânica), com destaque as integrinas, FAK, titina e ácido fosfatídico. Também já fiz post sobre isso (clique aqui).

3º) Cascata molecular hipertrófica: após os sensores identificarem o estímulo, essa informação precisa chegar nas organelas celulares fundamentais para a síntese proteica (ex: núcleo e ribossomos). E a transmissão dessa informação envolve muitas moléculas, sendo a maioria formada por proteínas, em especial as quinases. Alguns costumam chamar isso de ‘cascata hipertrófica’. Também já fiz um post resumindo essa cascata molecular (clique aqui).

Os objetivos deste breve post são dois:

1)    Mostrar resumidamente que os ‘mecanismos da hipertrofia muscular’ são sofisticados, complexos e multinível. Não se resume aos estresses tensional e metabólico, e microlesões. Além disso, temos poucas evidências para sustentar dois desses estímulos clássicos.

2)    Reunir num único post os vários links dos posts que tenho atinentes aos ‘mecanismos da hipertrofia muscular’, de modo que você, leitor, possa transitar nos tópicos com mais facilidade. Então, basta você ir clicando nos links que deixei espalhados pelo post para entender mais sobre ‘estímulos, sensores e vias moleculares’ da hipertrofia muscular induzida por treinamento de força. Boa leitura!

Então é isso, amiga e amigo... Obrigado por acompanhar até aqui. E se você gostou, compartilhe com colegas e amigos/as ou em suas redes sociais. Quem quiser receber as novas postagens deste Blog, basta clicar aqui para se inscrever na Newsletter.

Como habitual, em tempos de escritas por inteligência artificial (ex: chatGPT e Gemini), vale dizer que essa postagem não usa isso... é feita exclusivamente das minhas leituras e interpretações ao longo da minha trajetória. E se quiser citar este post, pode ser mais ou menos assim:

Lunz, W. Quais os Mecanismos da Hipertrofia Muscular? Ano: 2024. Link: https://www.wellingtonlunz.com.br/post/quais-os-mecanismos-da-hipertrofia-muscular [Acessado em __.__.____].

 
professor wellington lunz

Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. Tem se dedicado em transmitir conhecimentos baseados em evidências em diferentes áreas do conhecimento (ex: hipertrofia muscular, treinamento de força, musculação, fisiologia do exercício, flexibilidade). É bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Ciência da Nutrição e Doutor em Ciências Fisiológicas. Atualmente é Professor Associado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Contato pelo site ou e-mail: welunz@gmail.com.br  





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