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Por que devemos aumentar a massa muscular?

Atualizado: 27 de jun.


qual a importância de aumentar a massa muscular,


Prof. Dr. Wellington Lunz

Mas 'se a hipertrofia muscular “não” explica a força, então ela serve para quê?' 'E por que ela acontece quando fazemos treinamento de força?'

Eu terminei o post ‘Hipertrofia NÃO te deixa forte?’ com essas duas questões acima. Se você ainda não o leu, dedique depois 5 minutinhos, pois vale muito a pena. Hoje, para não ficar muito longo, vou responder apenas a primeira questão.

Como expliquei no post ‘Hipertrofia NÃO te deixa forte?’, não é verdade que a hipertrofia (ou aumento da massa muscular) não contribua com parte do aumento da força. E como aprendi com o Prof. Clóvis de Barros Filho: ‘Não há resposta certa para uma pergunta errada’. Então temos que fazer a pergunta certa (as duas abaixo são semanticamente iguais):


“Para que serve a hipertrofia muscular?” (como está no título)

“Qual a importância de aumentar a massa muscular?” (como está na capa)

O efeito da hipertrofia ou ganho de massa muscular para o aumento de força é, talvez, o benefício menos importante.

E embora haja também um evidente benefício estético, este pode ser considerado uma ‘casualidade histórica’, uma vez que estética corporal não é cultural e historicamente fixa.

Sabemos que há uma carga cultural bastante forte sobre o ‘belo’ e o ‘feio’, os quais vão mudando ao longo da história, e entre as diferentes culturas.

Mas apresentarei outros argumentos que fará você desejar aumentar sua massa muscular. Vamos lá!


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Bente K. Pedersen é uma cientista muito respeitada. Seu nome está associado à origem do ‘open window’ e a descoberta de várias miocinas. Com destaque a interleucina-6 (IL-6), cuja descoberta por ela e colegas foi publicada no ano 2000 (ano em que comecei a cursar educação física). Hoje a IL-6 é uma das miocinas mais conhecidas e estudadas.

Miocinas são também chamadas de exercinas (ou work factor ou exercise factor). São moléculas produzidas pelo músculo, as quais agem como hormônios.

Mas de lá para cá se descobriu que o músculo esquelético é o maior órgão endócrino do corpo, pois representa ~40% do peso corporal. Sabe-se hoje que o músculo esquelético produz mais de 650 miocinas. É muiiiita coisa.

Por exemplo, você já deve ter ouvido falar na ‘miostatina’. É até mais famosa que a IL-6. A miostatina é uma miocina secretada de forma autócrina, e está associada à inibição do crescimento muscular. Eu falo dela no post que destacarei mais a frente, intitulado ‘O que EMAGRECE é o músculo, estúpido!

Em uma revisão publicada no ano de 2020, Pedersen e sua colega ‘Mai Severinsen’ dão uma incrível dimensão de como o músculo esquelético age de forma endócrina sobre a maioria dos órgãos e sistemas do corpo.

Nessa revisão as autoras mostraram a influência do músculo esquelético na miogênese, no metabolismo, no cérebro, no tecido adiposo, nos ossos, no fígado, no intestino, no pâncreas, no leito vascular, na pele e no sistema imune. Até mesmo em cânceres. O artigo tem várias figuras bonitas, uma delas é essa abaixo: 



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Embora ainda não se saiba todas as funções de todas essas miocinas produzidas no músculo, o que se acredita, inclusive por causa de outras evidências, é que o músculo seja um mega órgão protetor. Desse modo, ter mais massa muscular (hipertrofia) significa aumentar a reserva de saúde.

Me lembro que certa vez eu fiz um post no instagram (onde não tenho mais conta) sobre como o músculo esquelético é importante na função imune inata. Refiro-me a uma publicação de Laitano et al. (2021).

Esses cientistas anularam um receptor relacionado ao sistema imune apenas nas fibras musculares esqueléticas de camundongos. E isso causou enorme alteração de citocinas inflamatórias e de células imunes na circulação, mostrando que o músculo participa da imunidade inata. Mas o mais interessante foi o seguinte:

A massa muscular protegeu contra a mortalidade induzida por choque séptico. Ou seja, os resultados mostraram que o músculo esquelético desempenha importante função na resposta inflamatória imune inata, e que isso pode até ajudar a salvar vidas frente a um choque séptico.

Durante a pandemia Covid-19 vimos o caso de um jovem fisiculturista que perdeu 30kg após 62 dias na UTI, mas conseguiu sobreviver. É bem provável que se ele não tivesse grande reserva muscular, não teria vencido a doença. 

Se você procurar nas bases de dados científicas, verá inúmeros estudos mostrando associação entre baixa massa muscular com maior mortalidade em pacientes hospitalizados, e maior massa muscular com maior chance de sobrevida de pacientes.

Aliás, não apenas em hospitalizados. Acabou de ser publicado na JAMA, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, o estudo de Benz et al. (2024).

Esses cientistas acompanharam (coorte) 5888 pessoas idosos (69,5±9,1 anos) por 5 anos. Desses idosos, 11,1% eram sarcopênicos prováveis (ou seja, baixa força) e 2,2% tinham sarcopenia confirmada (ou seja, baixa força e baixa massa muscular apendicular).

O risco de morrer por todas as causas foi 29% maior para os sarcopênicos prováveis, e 94% maior para os sarcopênicos confirmados.

Repare que a diferença entre sarcopênicos prováveis e confirmados é exatamente a massa muscular. Ter baixa massa muscular aumenta muito a chance de morrer. O risco de morte foi ainda maior nos sarcopênicos obesos.

O estudo fez ajustes para muitas variáveis, de modo que essa associação não parece ser confundida por muitas coisas (ex: cigarro, sexo, alimentação, glicemia, dislipidemia e várias comorbidades).

Entretanto, o estudo não permite saber se as doenças que causaram as mortes apareceram antes ou depois das perdas de força e massa muscular. Seja como for, há associação entre baixas força e massa muscular com mortalidade. 

Para pacientes desnutridos, devemos lembrar que a massa muscular é também fonte energética.

E aqui no Blog eu fiz recentemente uma postagem (O que EMAGRECE é o músculo, estúpido!) bem densa mostrando evidências bastante convincentes de que o músculo esquelético causa resistência à obesidade.

O que eu defendi lá foi que o ganho de massa muscular ou de hipertrofia muscular parece ser o que realmente ajuda a emagrecer, muito mais do que o gasto energético induzido pelo exercício de força ou pelo aumento da taxa metabólica basal induzida pelo ganho de músculos.

Se você não leu, vale muito a pena dedicar um tempinho, pois são coisas que mesmo os mais dedicados em estudar o assunto levam muitos anos para perceber.

Aliás, alguns meses depois que eu escrevi o post "O que EMAGRECE é o músculo, estúpido!", surgiu um artigo de opinião numa das principais revistas científicas do mundo na área de fisiologia (The Journal of Physiology), em que os autores Wackerhage et al (2024) chegaram a mesma interpretação que a minha: "Músculo causa resistência à obesidade".    

Em resumo: “Para que serve a hipertrofia muscular?

Além da dimensão estética, fica claro que devemos considerar todas essas coisas adicionais que falei no post.

Então é isso amiga e amigo... E se você gostou, compartilhe com colegas e amigos/as ou em suas redes sociais. E quem quiser receber as novas postagens deste Blog, basta clicar aqui para se inscrever na Newsletter.

E, como habitual, em tempos de escritas por inteligência artificial (ex: chatGPT e Gemini), vale dizer que essa postagem não usa isso... é feita exclusivamente das minhas leituras e interpretações ao longo da minha trajetória. E se você quiser citar este post, pode ser mais ou menos assim:

Lunz, W. Por que devemos aumentar a massa muscular? Ano: 2024. Link: https://www.wellingtonlunz.com.br/post/por-que-devemos-aumentar-a-massa-muscular [Acessado em __.__.____].

 
professor wellington lunz

Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. Tem se dedicado em transmitir conhecimentos baseados em evidências em diferentes áreas do conhecimento (ex: hipertrofia muscular, treinamento de força, musculação, fisiologia do exercício, flexibilidade). É bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Ciência da Nutrição e Doutor em Ciências Fisiológicas. Atualmente é Professor Associado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Contato pelo site ou e-mail: welunz@gmail.com.br  





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1 Comment

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Elis Aguiar Morra
Elis Aguiar Morra
May 07
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Parabéns, Wellington. Excelente post.

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