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Sua mentalidade pode mudar sua fisiologia?

Atualizado: 8 de nov. de 2024

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Prof. Dr. Wellington Lunz - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Hoje vou te dar um descanso nos meus posts sobre hipertrofia muscular esquelética. Caso você tenha chegado aqui querendo entender mais de ‘hipertrofia muscular’, há dezenas de post no meu Blog sobre o tópico (clique aqui).

Muito bem... que a fisiologia muda nossa mentalidade, ninguém tem dúvida. Mas o oposto ocorre? A mentalidade pode mudar a fisiologia?

Certa vez fiz um post no IG sobre como a mentalidade é poderosa. Na época fez sucesso. Tenho certeza de que você vai curtir também, porque é bem legal. Vamos lá!

Mentalidade (o famoso mindset) refere-se resumidamente a pensamentos que remetem a crenças e expectativas. Vou colocar abaixo uma sequência de conclusões de estudos científicos:

a)     A mera expectativa de cura potencializa o efeito de medicamentos.

b)    A forma como você interpreta os eventos, independentemente do que objetivamente eles sejam, determina o impacto do estresse e doenças no seu corpo (Parêntese: Isso você sabe bem... se você, por exemplo, acreditar que está doente, você provavelmente ficará doente, pois o estresse crônico gerado por essa crença verdadeiramente adoece. São as chamadas doenças psicossomáticas).

c)     Pessoas gostam mais do sabor da Coca-Cola quando consumida num copo da própria Coca-Cola (Parêntese: Muitos sequer reconhecem que estão tomando Coca-Cola se o rótulo dela não estiver presente. E não estou fazendo propaganda. Eu não ganho um centavo da Coca-Cola. Aliás, eu não bebia Coca-Cola há muiiitos anos, mas, num evento recente eu dei um gole e achei muiiito ruim... como há muitos anos eu não adiciono açúcar em nada, achei o sabor muito doce, apesar de zero açúcar).

d)    Manipular o preço do vinho, tornando-o mais caro do que realmente é, costuma resultar em maior atividade na região cortical conhecida como ‘centro de prazer’ (Parêntese: Isso significa que a pessoa verdadeiramente terá mais prazer, independentemente da real qualidade do vinho).

e)    Adicionar vinagre à cerveja sem a pessoa saber, mas com um rótulo dizendo apenas que há um “ingrediente especial”, pode melhorar as classificações de sabor da cerveja.

f)     Simplesmente acreditar que o trabalho doméstico é uma boa fonte de exercício físico pode provocar benefícios à saúde sem qualquer alteração na atividade doméstica real.

g)    Iogurte de morango e queijo são menos apreciados se forem rotulados como 'baixo teor de gordura', ainda que NÃO seja verdade.

h)    Mudar a informação no rótulo sobre calorias altera a fome e o consumo. Quando pessoas pensam que comeram algo muito calórico, elas relatam maior saciedade, e aí comem menos que o habitual. O inverso acontece com quem acha que comeu algo pouco calórico.

Muito legal, né!? Mas, claro, nosso post não termina aqui, porque você sabe que aqui mergulhamos um pouco mais nas coisas.

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Um amigo certa vez me enviou um artigo chamado “Mind Over Milkshakes: Mindsets, Not Just Nutrients, Determine Ghrelin Response”. Os resultados e conclusões são bastante intrigantes. Esse artigo tem sido muito citado. Já voltarei a ele.

Na lista que apresentei acima, de ‘a’ a ‘h’, há fatos medidos por cientistas. Mas a maioria não responde efetivamente se a mentalidade muda a fisiologia.

Talvez o que passe mais perto disso é aquele do item ‘d’, do ‘preço do vinho’, pois já vi medida com ressonância magnética funcional mostrando alteração regional da ativação cortical. Para mim isso é prova de mudança fisiológica.

É também difícil imaginar o surgimento de doenças psicossomáticas sem que haja mudança na fisiologia, mas, geralmente, o que os estudos medem são o ‘evento psicológico’ e o desfecho ‘doença’. O que ocorre no meio disso é pouco estudado.

Voltando ao estudo agora. A questão desse artigo era se a mentalidade poderia mudar a produção de hormônios? E aí estamos realmente falando de uma mudança fisiológica. Vamos entender um pouco mais desse artigo científico.

O sistema digestivo age como sensor de energia. E responde com hormônios, sendo um deles chamado de GRELINA. Se a ingestão de energia é baixa ou o estômago está vazio, a grelina é secretada por células endócrinas do estômago, caindo na circulação sanguínea e alcançando o cérebro, onde se liga a receptores no núcleo arqueado e hipotálamo, gerando a sensação de FOME.

Mas a MENTALIDADE poderia mudar a fisiologia da GRELINA?

O estudo a que me refiro envolveu 46 jovens, ambos os sexos, e composição corporal (IMC) normal. Foi dito aos participantes que num intervalo de duas semanas eles iriam ingerir dois MILKSHAKES com diferentes teores de nutrientes.

O objetivo informado aos participantes era de que seria avaliado o sabor e a reação do corpo aos milkshakes... Mas intencionalmente foi OMITIDA a informação de que a composição dos 2 milkshakes era, na verdade, IDÊNTICA. Apenas os rótulos eram diferentes, veja:

Um rótulo passava a ideia de alto teor calórico e muita gordura. Foi chamado de "INDULGENT".

O outro rótulo passava a ideia de baixo teor calórico e pouca gordura. Foi chamado de “SENSI-SHAKE". 

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O Prof Wellington Lunz apoia e recomenda o Instituto Afficere. Agende sua consulta nutricional.

Coletaram sangue antes, 60 min e 90 min após ingerirem o shake. Durante o intervalo de 20 e 60 min os participantes avaliaram os rótulos. E entre 60 e 90 min beberam e julgaram os milkshakes.

Foi medido por escala analógica o sabor, a aparência, o cheiro, o prazer, a percepção de saúde e a fome (‘apetite’ seria um termo melhor... fome é outra coisa para as ciências da nutrição).

Vamos aos RESULTADOS principais:

1)    O sensi-shake foi julgado como 'mais saudável'.

2)    Houve AUMENTO mais acentuado da grelina em antecipação ao shake INDULGENT, sugerindo efeito da MENTALIDADE (Parêntese: De fato, a percepção que temos ao ver um belo sorvete é que nosso apetite por ele aumenta. Eu, agora, não estou com apetite, mas se meus olhos virem um sorvete ou um chocolate, creio que minha vontade de comê-los imediatamente apareceria. Um belo rótulo é uma antecipação do produto).

3)    E houve redução da grelina APÓS o consumo do shake INDULGENT (Parêntese: Esse resultado é bastante intrigante, pois os shakes eram iguais. Só os rótulos eram diferentes. Então isso sugere que a mentalidade pode ter afetado as respostas de secreção da grelina).

Agora minhas considerações científicas sobre o estudo:

Achei o delineamento muito interessante e bem-feito. Mas não pude deixar de notar uma importante LIMITAÇÃO:

Os autores NÃO mostram desvio ou erro padrão da média para resultados da GRELINA. Só há uma figura com médias. E não foi por ausência de dados. CLARAMENTE quiseram omitir.

Dá para saber que a variação foi alta porque a diferença estatística foi apertada. E na falta desses dados de variação, a gente não consegue, por exemplo, refazer a estatística para testar se a fizeram corretamente. E eu (e muitos) implico com diferenças estatísticas apertadas, pois podem ser simplesmente casuais.

Mas é um estudo bem legal, com resultado intrigante. E a favor do estudo eu encontrei um outro artigo (esse artigo aqui) com resultados que fortalecem a ideia de que a mentalidade pode mudar respostas fisiológicas. 

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Então é isso amiga e amigo... Obrigado por acompanhar até aqui. E se você gostou, compartilhe com colegas e amigos/as ou em suas redes sociais. E quem quiser receber as novas postagens deste Blog, basta clicar aqui para se inscrever na Newsletter.

E, como habitual, em tempos de escritas por inteligência artificial (ex: chatGPT e Gemini), vale dizer que essa postagem não usa isso... é feita exclusivamente das minhas leituras e interpretações ao longo da minha trajetória. E se quiser citar este post, pode ser mais ou menos assim:

Lunz, W. Sua mentalidade pode mudar sua fisiologia? Ano: 2024. Link: https://www.wellingtonlunz.com.br/post/o-poder-da-mente [Acessado em __.__.____].

Clique aqui e acesse videoaulas no 'Canal Prof. Wellington Lunz'.


 
professor wellington lunz

Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. Tem se dedicado em transmitir conhecimentos baseados em evidências em diferentes áreas do conhecimento (ex: hipertrofia muscular, treinamento de força, musculação, fisiologia do exercício, flexibilidade). É bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Ciência da Nutrição e Doutor em Ciências Fisiológicas. Atualmente é Professor Associado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Contato pelo site ou e-mail: welunz@gmail.com.br  





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Elis Aguiar Morra
Elis Aguiar Morra
Jul 16, 2024
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