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Microlesões causam ou não causam hipertrofia muscular?

Atualizado: 27 de jun.


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Prof. Dr. Wellington Lunz

Quando pergunto a profissionais de educação física e entusiastas do treinamento de hipertrofia quais são os “mecanismos da hipertrofia muscular”, costumam me responder o seguinte: Estresse tensional, estresse metabólico e microlesões. Há mais coisas. Mas, por ora, tudo bem.

Já fiz um post mostrando que o estresse metabólico NÃO é aparentemente um mecanismo direto para hipertrofia muscular (este post aqui). E as microlesões? Seriam um mecanismo da hipertrofia muscular?

Depende do que você chama de hipertrofia muscular. Se você estiver considerando hipertrofia muscular apenas como o aumento do volume muscular associado ao aumento de tecido estrutural e contrátil, então a resposta é muito provavelmente NÃO.

Se você considerar hipertrofia muscular todo e qualquer aumento de volume muscular, em especial aquele decorrente do aumento de água, aí a resposta seria provavelmente SIM.

Se você não acompanha minhas postagens, seria bem importante depois dar uma lida em pelo menos dois posts meus para entender melhor a complexidade do conceito de hipertrofia muscular. Um intitulado ‘Você sabe classificar a hipertrofia muscular? (Parte 2)’ e o outro intitulado ‘Hipertrofia muscular: Só sabe o conceito quem NÃO pensa demais’.

Mas falando rapidamente desse ‘SIM’: Nas primeiras semanas de treinamento, a hipertrofia muscular (aumento do volume) é explicada quase que exclusivamente por acúmulo de água. E a crença principal é que isso decorra de uma resposta inflamatória induzida por microlesões celulares (Damas et al., 2018).  

Mas, de modo geral, as pessoas se referem a hipertrofia muscular como aumento do volume do músculo resultante do acúmulo de tecido estrutural e contrátil. Nesse caso, as microlesões NÃO parecem ter qualquer efeito positivo. E é sobre isso que falarei agora.

Por que microlesões não seriam importantes para este tipo de hipertrofia muscular?

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As respostas vão desde conhecimentos aparentemente óbvios até evidências científicas claras mostrando que a hipertrofia muscular ocorre sem a necessidade de microlesões prévias.

Por exemplo, Zanchi et al (2010) fizeram um treinamento contrarresistência em animais e verificaram ganho significativo de hipertrofia muscular na ausência de marcadores de danos musculares e inflamação.

Aliás, a sugestão atual é de que microlesões sejam prejudiciais para hipertrofia, uma vez que a maquinaria de síntese de proteínas precisaria dedicar parte dos substratos para reparar o tecido. Um excelente estudo (Damas et al., 2016) mostrou que ganhos significativos de hipertrofia ocorreram apenas após a atenuação dos danos miofibrilares.

Sobre alguns conhecimentos óbvios, que mencionei antes, explico agora:

Lesões (macro ou micro) não relacionadas ao exercício de força (contrarresistência) não causam hipertrofia. Por exemplo, se você cortar ou romper parcialmente seu músculo, não ocorrerá hipertrofia muscular. Ocorrerá cicatrização.

Outra coisa: Corredores de longa distância experienciam bastante microlesões celulares, mas a hipertrofia muscular decorrente dessa modalidade é muito limitada.

Mais uma: O treinamento excêntrico causa muito mais microlesões que o treinamento concêntrico, entretanto a hipertrofia muscular induzida por essas duas formas de treinamento raramente é diferente. E mesmo quando é diferente, essa diferença é pequena.

A crença atual é que microlesões poderiam contribuir apenas indiretamente para hipertrofia muscular crônica. Isso ocorreria via recrutamento de células satélites, as quais doam seu núcleo ao miócito. E, conforme a teoria do 'domínio nuclear', isso habilitaria a célula a crescer mais.

Mas essa sugestão também não é consensual, pois o estresse tensional por si só, sem a necessidade de dano muscular, já é capaz de recrutar células satélites (Murach et al., 2021); além disso, embora claramente há correlação entre o aumento de mionúcleos e hipertrofia muscular (Sawan et al., 2021), há dúvidas sobre a magnitude de hipertrofia que pode ser associada às células satélites.

Atualmente a maioria dos cientistas da área acredita que apenas o estresse tensional seja verdadeiramente importante para explicar a hipertrofia muscular induzida por treinamento contrarresistência. E o próximo post será dedicado ao estresse tensional.

Então é isso amiga e amigo... Obrigado por acompanhar até aqui. E se você gostou, compartilhe com colegas e amigos/as ou em suas redes sociais. E quem quiser receber as novas postagens deste Blog, basta clicar aqui para se inscrever na Newsletter.

E, como habitual, em tempos de escritas por inteligência artificial (ex: chatGPT e Gemini), vale dizer que essa postagem não usa isso... é feita exclusivamente das minhas leituras e interpretações ao longo da minha trajetória. E se quiser citar este post, pode ser mais ou menos assim:

Lunz, W. Microlesões causam ou não causam hipertrofia muscular? Ano: 2024. Link: https://www.wellingtonlunz.com.br/post/microlesões-não-causam-hipertrofia-muscular [Acessado em __.__.____].

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professor wellington lunz

Autor: Wellington Lunz é o proprietário desse Blog e do site www.wellingtonlunz.com.br. Tem se dedicado em transmitir conhecimentos baseados em evidências em diferentes áreas do conhecimento (ex: hipertrofia muscular, treinamento de força, musculação, fisiologia do exercício, flexibilidade). É bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Ciência da Nutrição e Doutor em Ciências Fisiológicas. Atualmente é Professor Associado na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Contato pelo site ou e-mail: welunz@gmail.com.br  





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