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Como é trabalhar de ‘personal trainer’ na Europa? Minha experiência na Holanda.

Atualizado: 27 de jun. de 2024



"(...) Esse é um dos pontos que percebi maior diferença aqui na Holanda. As pessoas não frequentam a academia como no Brasil. Aqui se valoriza muito mais o ‘cardio’ que o treino de força."


Autora: Estela Altoé


Morar fora do país e trabalhar na área de interesse pode ser o sonho de muita gente. Mas como é a vida quando isso realmente acontece?

Meu nome é Estela Altoé e vou contar um pouco como tem sido a minha experiência. Moro na Holanda desde 2019, mas já estive alguns anos morando e estudando nos EUA, quando em 2014 participei do Programa Ciências Sem Fronteiras. Vou discutir alguns pontos interessantes.


Qual a diferença entre 'personal trainer' brasileiro e holandês (... e também norte americano)?

É fato que a área da Saúde no Brasil é uma das melhores do mundo. Inclusive, na minha opinião, somos um dos melhores países na prevenção de doenças. Em relação ao trabalho do profissional de educação física brasileiro, usa-se muito o apelo da saúde no incentivo à prática de exercícios físicos. Além disso, existe todo um aspecto estético que é muito forte e que influencia muito nosso trabalho e estilo de vida. Afinal, há um clima tropical que nos permite exposição corporal o ano todo.



Mas, afinal, temos alguma vantagem em relação ao profissional "gringo"?

Particularmente penso que um profissional formado em Educação Física brasileiro, se tiver verdadeiramente estudado bem e se especializado, possui um conhecimento acima da média do profissional "gringo". E essa é uma das maiores diferenças que temos.

Isso porque tanto nos EUA como na Europa, para você ser um personal trainer ou instrutor numa academia, você precisa de um curso cuja duração varia de 3 meses a 1 ano (dependendo do formato escolhido). A certificação é oferecida por instituições como ACSM, ACE, NASM, entre outras. E isso nos deixa um tanto pasmo, uma vez que nós precisamos de no mínimo 4 anos de Faculdade ou Universidade.

A certificação deles foca na aplicabilidade e questões técnicas. Não há uma carga de estudos tão grande como no Brasil para matérias como biomecânica, fisiologia do exercício ou bioquímica, por exemplo. Caso você queira aprender isso, você precisa fazer outros cursos ou estudar por curiosidade e vontade própria. Isso não quer dizer que o profissional brasileiro seja superior, porém temos uma carga de estudos que nos dá, em tese, vantagem e autoridade para falar de assuntos técnicos com mais profundidade.

Na academia onde trabalho, na Holanda, oriento 2 estagiários que estão para se formar, mas nunca estudaram biomecânica e, em breve, serão instrutores da academia. Para ser personal trainer eles precisam de um dos certificados acima. Mais abaixo explicarei um pouco mais.

 nutricionistas com experiência em diferentes especialidades
O Prof Wellington Lunz apoia e recomenda o Instituto Afficere. Agende sua consulta nutricional.

Quando, em 2014, fui morar nos EUA participando do Ciências sem Fronteiras, cheguei com muito preconceito. Eu realmente achava que éramos melhores por causa da formação. Quando fui realmente me aprofundando e conhecendo mais as pessoas entendi melhor como funcionava o mercado americano. Apesar da exigência de apenas um certificado, quando alguém quer se tornar ‘muito bom’, esse alguém procura uma Faculdade... Cursos comuns são: Exercise Science, Sport Science, Kinesiology. Essa pessoa então se tornará especialista em um dado conhecimento.

No Brasil temos, durante os 4 ou 5 anos de curso superior, diversas matérias (vários esportes, história, sociologia, fisiologia, etc), enquanto nos EUA eles se especializam em um assunto específico desde o início do curso. E aqui está a diferença, na minha opinião: Eles se tornam extremamente especialistas em algo.

Pelo que vejo na Holanda o instrutor de academia faz um curso como se fosse um ensino técnico de 1 ano, e se fizer 2 anos poderá ser um personal prainer. Apesar do tempo menor comparado ao Brasil, há muita profundidade nos assuntos.


E é fácil conseguir emprego na área?


Pela minha experiência pessoal, depende mais do profissional que da origem da sua formação. Quando vim para a Europa eu já tinha no currículo a experiência acadêmica na Universidade do Tennessee e estágio em uma das melhores academias dos EUA. Não sei afirmar se isso me ajudou a conseguir o emprego aqui.

É importante frisar que na Holanda, apesar de ser o um dos países europeus em que melhor se fala inglês (além da língua nativa, obviamente!), eles gostam e requerem que se aprenda o Holandês, afinal, a vida aqui acontece na língua nativa. Ir para um país sem falar a língua oficial sempre tornará sua experiência mais difícil. Portanto, se estiver pensando em ter essa experiência, recomendo que você chegue com um básico de entendimento falado e escrito da língua.

Uma coisa bastante interessante é que eu não precisei fazer revalidação do meu diploma brasileiro para trabalhar aqui na Holanda. Eu enviei meu diploma, histórico escolar, e certificados para a organização responsável das academias na Holanda (chamada NL Actief) e eles me deram uma equivalência para que eu pudesse trabalhar. Acredito que pela quantidade de horas de estudos e trabalho no Brasil ser muito superior, fui reconhecida como Level 5 Lifestyle Coach, que é o nível máximo que você pode ter aqui. A academia que me contratou me ajudou neste processo.

Quando fiz entrevista em outras duas academias, vi um grande interesse deles pela minha formação e experiência. Acabei não indo por motivos de salário, mas com certeza meu currículo chamou a atenção. Ao mesmo tempo que muitas outras academias me rejeitaram pelo simples fato de eu ainda não falar o holandês.


Como é minha a rotina de trabalho na Holanda?


É muito comum na Holanda que as pessoas trabalhem apenas alguns dias da semana num local, ou com carga horária menor. Por isso que elas muitas vezes trabalham em mais de um local. Por exemplo, eu comecei com um contrato de 5 h/sem, que seria apenas 1 dia na semana, e aos poucos fui aumentando a carga horária. Hoje tenho um contrato de 16h/semana. Além disso, horas extras como substituição são fáceis de conseguir. Com exceção ao primeiro mês, nunca mais trabalhei apenas 5 h/sem. O salário é o valor médio do salário-mínimo daqui.

Como muitos 'personais' e instrutores fazem isso apenas como hobby, mantendo um outro trabalho full-time, é fácil conseguir substituições se você está disposto a apenas trabalhar com isso.

Em relação a atividade de personal trainer, diferente do Brasil, que vamos para a academia que o cliente está, a maioria das academias aqui tem seus próprios 'personais'. O cliente compra o pacote da academia e a academia te recomenda para ele, ou você mesmo convida o cliente para a academia.

Por isso o profissional acaba se vinculando a uma ou duas academias, e trabalha para eles. Para isso eles oferecem um contrato de zero horas, apenas para formalizar que você presta serviço para eles, mas sem garantir que você terá clientes.

Como eu tenho trabalhado apenas na mesma academia há 2 anos, não posso falar muito como é trabalhar em mais que uma academia ao mesmo tempo.

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Como é a mentalidade dos clientes?


Esse é um dos pontos que percebi maior diferença aqui na Holanda. As pessoas não frequentam a academia como no Brasil. Aqui se valoriza muito mais o ‘cardio’ que o treino de força. Inclusive é comum encontrar pessoas que treinam na academia uma única vez na semana, outras que correm 20 km por semana, mas sequer sabem o porquê deveriam treinar força.

Como a Holanda tem um clima muito chuvoso e com muito vento, assim que o sol brilha todo mundo está na rua. Portanto, no verão as academias ficam super vazias. Isso traz uma tendência de bootcamps ou aulas nos parques, praias e na parte externa das academias. Agora, com a quarentena, isso ficou mais forte e acredito que no próximo verão estaremos mais fortes ainda em relação a isso.

Espero que este artigo tenha te inspirado. O mercado holandês precisa de muito carinho para evoluir, assim como também há muito espaço para o crescimento do profissional brasileiro. Deixarei meus contatos de e-mail, instagram e meu canal no YouTube abaixo.

Até o próximo post!


Clique aqui e acesse videoaulas no 'Canal Prof. Wellington Lunz'.






Autora:

 

Estela Altoé é formada em Educação Física pela UFES, especializada em Treinamento Funcional e Coach Nutricional. Trabalha como Personal Trainer na Holanda e Consultoria Online para brasileiros. A partir de sua experiência profissional, com atletas profissionais e amadores, construiu uma metodologia de trabalho para ajudar pessoas comuns a obterem um estilo de vida mais saudável, através do exercício físico e alimentação. Contato: estelaltoe@gmail.com | Instagram: @estela.altoe | www.youtube.com/c/estelaaltoe



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